"BATALHA ESPIRITUAL - A realidade do mundo espiritual"
A partir do próximo domingo, 24 de março, iniciaremos uma série de estudos com o tema "Batalha Espiritual", baseados nos escritos do Pr. Mauro Israel Moreira. Abaixo segue o Conteúdo, Apresentação, Introdução e primeiro estudo entitulado "A realidade do mundo espiritual", que será ministrado pelo Pr. Julio Oliveira.
BATALHA
ESPIRITUAL
Pr. Mauro Israel Moreira
CONTEÚDO
Apresentação
Introdução
Unidade
1: A realidade do mundo espiritual
Unidade
2: A base bíblica da Batalha Espiritual
Unidade
3: Desmascarando o Inimigo
Unidade
4: As várias dimensões da Batalha Espiritual
Unidade
5: O guerreiro cristão
Unidade
6: A Batalha Espiritual e a vida missionária
Unidade
7: A oração intercessória e a Batalha Espiritual
Unidade
8: A estratégia da Batalha Espiritual
APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi
preparado por solicitação da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista
Brasileira.
Há muito tempo as nossas agências
missionárias demonstram preocupação no sentido de prepararem adequadamente os
obreiros que enviam aos campos.
No processo de formação e treinamento dos
missionários várias disciplinas são incluídas.
Entre elas está o tema da Batalha Espiritual. Entendemos que adentrar uma comunidade, nação
ou cultura para pregar a verdade do evangelho de Jesus Cristo implica em confrontar
os poderes das trevas ali estabelecidos.
O inimigo não cede sem resistência.
Logo, os missionários têm de estar preparados para enfrentar as mais
variadas situações de Batalha Espiritual.
Desejo que este trabalho traga uma
contribuição, ainda que modesta, para a formação dos missionários e também para
os discípulos de Jesus, os pastores, obreiros e líderes de nossas igrejas nas
lutas cotidianas da vida cristã e do testemunho do evangelho.
Tenho de declarar minha profunda gratidão
à missionária Bernadete, Coordenadora do Centro de Treinamento Missionário da
Junta de Missões Mundiais da CBB. Ela
muito me animou no sentido de escrever esta matéria, foi paciente comigo com
relação aos prazos de entrega do material, todos ultrapassados em muito. E, sua graciosa teimosia não permitiu que eu
desistisse, mesmo diante da luta que enfrentei para chegar ao final da
tarefa. Além de tudo isso, ela fez
contribuições muito ricas com suas idéias e ajudas na redação de alguns
textos. Muito obrigado.
Nós
não temos muita tradição no desenvolvimento deste tema. Por causa disto, ainda há muitos aspectos
polêmicos. Louvo a Deus por aqueles que
não se intimidaram, mas enfrentaram a neblina que encobria o assunto e
adentraram um espaço tão nebuloso. Em minha
opinião, alguns foram longe demais em suas dogmatizações, afirmações
doutrinárias e práticas.
Por outro lado, não poderíamos apenas
desconhecer o assunto e nos colocarmos em uma posição de omissão ou de
crítica. Estudar a questão da Batalha Espiritual
implica em irmos até certas fronteiras muito perigosas. Temos de fazê-lo com muito zelo e cuidado,
comprometidos com a Palavra de Deus e orientados pelo Espírito Santo.
Há uma tendência de firmarmos posições
dogmáticas a partir de experiências pessoais, especialmente nos aspectos em que
não encontramos base bíblica e doutrinária sólida. Tal postura compromete a integridade de todo
o nosso trabalho. É melhor ficar antes
da fronteira do que depois. Alguns aspectos da verdade só conseguimos entender
depois de um trecho mais longo de jornada.
Pr.
Mauro Israel Moreira
Outubro
de 2001
INTRODUÇÃO
O tema Batalha Espiritual
não é um assunto novo como muitos insistem em afirmar. Nem mesmo consiste em modismo de final de
século. A Palavra de Deus aborda de modo
teimoso e insistente este assunto como veremos mais adiante.
O que acontece com a questão
da Batalha Espiritual é que nos últimos tempos ela tem sido abordada de maneira
inadequada, freqüentemente exagerando-se alguns aspectos e trazendo uma
tonalidade polêmica para sua abordagem.
Por outro lado, não temos ainda formada uma tradição na discussão do
assunto e, muito menos, na sua prática cotidiana. Normalmente, as pessoas reduzem a questão ao
aspecto da expulsão de demônios ou do misticismo.
A grande comissão ordenada
pelo Senhor Jesus Cristo já pressupõe a Batalha Espiritual. Nenhum missionário deveria ser enviado para o
campo sem que estivesse plenamente consciente da batalha que vai enfrentar e
equipado para fazê-lo.
Em rigor, a obra missionária
é uma ação da igreja no sentido de conquistar espaços novos para o Reino de
Deus. Satanás usurpou e tomou para si
aquilo que não era seu. Ele se apossou
da vida de pessoas, de comunidades, culturas e nações. Ele tem exercido controle e domínio sobre os
mesmos e não vai desistir deles sem muita luta e resistência. Isto é o que chamamos de Batalha Espiritual.
A simples iniciativa da
igreja no sentido de enviar missionários aos povos dominados pelo pecado e pelo
reino das trevas já consiste uma ameaça e um desafio aos principados e
potestades que atuam em suas vidas.
Portanto, não há missões sem
Batalha Espiritual.
Se conferirmos a ação
missionária da igreja do primeiro século segundo o registro de Atos dos
Apóstolos, vamos constatar os muitos obstáculos que os cristãos tiveram de
enfrentar para estabelecer o evangelho e as igrejas do Senhor nas culturas e
nações que haviam sido dominadas pelo reino das trevas. Porém, esta havia sido a ordem do Senhor
Jesus em Atos 1.8: “e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins
da terra.”
No decurso de todo o livro
de Atos, os missionários e os povos cristãos lutam contra todas as forças
contrarias, superam obstáculos de ordem espiritual, material, geográfica,
política, social, étnica e estratégica, de modo que o historiador Lucas possa
registrar no último versículo do seu documentário inspirado que o apóstolo
Paulo pregava o evangelho “sem
impedimento algum” (Atos 38.31). Pregar o evangelho é invadir os domínios de
Satanás e libertar os cativos de lá.
Na obra missionária e de
evangelização não podemos levar em conta apenas o que vemos com os nossos olhos
físicos. A realidade espiritual
freqüentemente é invisível aos olhos da carne.
E, muitas vezes está diante de nossos olhos físicos, plenamente visível,
mas não conseguimos discerni-la.
UNIDADE
1
A REALIDADE DO MUNDO ESPIRITUAL
Temos
de entender e levar em consideração que existe um mundo espiritual que não está
acessível aos nossos sentidos físicos.
Pensar assim não tem nada a ver com misticismo ou esoterismo. A Bíblia Sagrada apresenta exaustivamente
esta realidade espiritual que se desenvolve por trás das cortinas do drama da
história.
Não se trata da visão animista ou
fetichista que algumas culturas mais primitivas desenvolveram. Tais crenças se sustentam em lendas e
superstições cuja fonte é o imaginário acumulado em muitas gerações de
ignorância espiritual.
É importante entendermos que a realidade
concreta do mundo em que vivemos não se constrói apenas a partir de fatores
objetivos, científicos, humanos e mensuráveis.
Há outros fatores que influenciam a construção da realidade que nos
cerca.
Evidentemente, não temos o direito de
firmar opinião a respeito deste assunto a partir de instrumentos como a
imaginação, a intuição, a experiência pessoal ou pretendidas revelações
pessoais. Toda a nossa doutrina, convicção
e certeza sobre o mundo espiritual precisa estar solidamente sustentada na
Palavra de Deus.
Fatores de intensificação da espiritualidade no
mundo
Nos últimos anos, tem havido considerável
crescimento no interesse das pessoas pelas coisas espirituais. E, alguns fatores que justificam isto:
- A
decepção com o progresso, a ciência e o avanço tecnológico
Encantado com as suas descobertas maravilhosas, em
algum momento do século XX, o homem moderno achou que era auto-suficiente, que
poderia viver sem Deus. Não durou muito esta utopia – a crença no “eu”. Vazio por dentro e carente de
espiritualidade, o homem inaugura a pós-modernidade e se volta também para as
coisas espirituais. Mas, como não quer
dar o braço a torcer para Deus, passa a desenvolver sua espiritualidade no
fluxo do misticismo, do esoterismo, dos métodos de auto-ajuda, na pretensa
sofisticação do espiritualismo e na religião de consumo.
- A
passagem para o novo milênio
A
transição de século e milênio tem alimentado o sentimento místico e
apocalíptico de nossa sociedade. Surgem
muitos profetas do final do mundo, seitas que predizem acontecimentos
apocalípticos e movimentos que se aproveitam da ansiedade das pessoas para
cativar adeptos incautos. Com a chegada
do terceiro milênio acredita-se que muitas destas pessoas serão tomadas por um
sentimento de decepção e frustração, já que as profecias alegadas pelos
místicos e esotéricos acabaram por não se cumprir. Requer-se que a igreja tenha uma palavra
profética firme, séria e confiável para consolar e dar esperança em Cristo
Jesus a esses órfãos espirituais.
Em seu livro “Reavivamento satânico”,
Mark Bubeck, denuncia o intenso florescimento do satanismo, do misticismo e do
esoterismo em nossos dias. Ele afirma
que a única resposta adequada que se pode dar ao inegável reavivamento do
satanismo em nossos dias é um poderoso avivamento do Espírito Santo nas igrejas
do Senhor Jesus Cristo.
- A
aproximação da segunda vinda de Cristo
É
compreensível que, à medida que as profecias bíblicas vão se cumprindo e
desenha-se com mais nitidez o cenário para a consumação da história e a volta
gloriosa do Senhor Jesus Cristo, o reino das trevas mais se agite e as suas
hostes mais reajam percebendo que o seu fim se aproxima. Um dos sinais críticos da aproximação da
volta do Senhor Jesus é a extensa evangelização dos povos que hoje se
constata. Tal realidade provoca uma
reação maligna muito exacerbada, intensificando a Batalha Espiritual. Seria um perigo para a igreja não se
aperceber disto.
Teologias que preocupam
A
doutrina que se relaciona com a Batalha Espiritual tem assumido conotação
polêmica nos dias atuais. Por um lado,
há aqueles que negam de modo absoluto a realidade da Batalha Espiritual. Por
outro lado, há os que exageram as implicações deste assunto. Tal radicalização pode gerar distorções em
ambos os casos.
- O perigo do
exagero
O primeiro perigo é exagerar as implicações
da Batalha Espiritual. A literatura da
ficção sobre o tema tem contribuído para que muitos cristãos se envolvam em um
sentimento doentio neste aspecto. Eles
vêem demônios e Batalha Espiritual em tudo.
Andam sempre ansiosos e medrosos.
Ou então, vivem dando socos no ar, imaginando estarem atingindo os
demônios. Alteram o tom, o volume e
ritmo de suas orações imaginando com isso torná-las mais eficazes. Alguns começam a confundir-se, intercalando
suas orações a Deus com ordens aos demônios e repreensões às entidades
satânicas.
- O
perigo da indiferença
Este
é o outro extremo. Normalmente, acontece
porque as pessoas querem evitar o exagero.
Então desconhecem completamente a realidade da Batalha Espiritual e
desprezam o ensino da Palavra com relação ao assunto. Isto resulta em que muitos cristãos, pastores
e líderes se sintam despreparados para enfrentarem as lutas espirituais inerentes
a vida cristã e à pregação do evangelho.
Em alguns casos, pessoas que necessitam de libertação espiritual são
encaminhadas para outros ministérios. É
bem verdade que, em alguns casos, depois de uma ministração básica, é
necessário encaminhar a pessoa para alguém que tenha mais experiência e possa
ajudá-la mais profundamente. Entretanto,
todo cristão tem autoridade em o nome poderoso do Senhor Jesus Cristo e tem
condições de ajudar os oprimidos de Satanás a se libertarem. Desconhecer a realidade da Batalha Espiritual
não é a maneira adequada do cristão reagir.
- O
perigo de assumir uma visão neurótica
Um dos perigos que corremos ao refletir sobre a
Batalha Espiritual é assumirmos uma visão neurotizada do assunto. Assumir um perigoso reducionismo simplista. Há pessoas que em tudo começam a ver
demônios, estão sempre repreendendo maldições e atribuindo a Satanás a culpa
por tudo o que acontece. Muitas pessoas
ficaram enfermas na vida espiritual e emocional pela maneira como passaram a
acreditar na questão da Batalha Espiritual.
- O
perigo de definir doutrinas a partir de experiências pessoais
Certas
pessoas querem impor aos outros as experiências que tiveram em determinada área
de sua vida. Não lhes importa neste caso
o que a Bíblia ensina. Elas estabelecem
a própria experiência como padrão e fazem doutrina sobre este fundamento
falso. A partir deste critério
inadequado, geram falsos ensinos e perturbam a igreja do Senhor.
Comentários
Postar um comentário
Sinta-se à vontade... Não tenho restrições quanto às criticas, entretanto faça com educação e respeito!!!